Tudo começou na charcutaria. Eu sou um daqueles clientes chatos que não gostam de ver o fiambre previamente cortado e exposto. Entendo que o objectivo é facilitar o trabalho e reduzir o tempo de atendimento, mas para mim existem coisas que não andam por atalhos e a comida é uma delas. Particularmente é-me importante o factor espessura. Para mim o fiambre tem que ser degustado o mais fino possível; um corte tão translúcido quanto possível, mesmo antes daquele ponto em que a fatia ficaria estilhaçada.
Sim, definitivamente não sou o cliente modelo para quem trabalha na secção de charcutaria e afins. Por isso estou, desde tempos imemoriais, mais que habituado às expressões faciais que colocam quando lhes explico como quero que me cortem o fiambre. Mesmo quando tento fazê-lo com o sorriso mais amável do meu reportório, lá disfarçam com uma atitude profissional, mas nota-se a léguas a vontade de me mandarem passear para outra banda ou terem uma varinha mágica para transformarem-me em vegetariano. Eu entendo, pois claro!
Por isso, na primeira vez que fiz tal pedido no Pingo Doce cá da terra, estranhei quando senti uma atmosfera diferente. Não detectei a mínima brisa de contrariedade; antes, um semblante simpático, rapidez no atendimento do meu pedido e a consequente pergunta se desejava algo mais. E, como bónus, obtive um dos melhores cortes que já vi fazerem no fiambre.
Não foi coincidência, pois cada vez que lá volto é sempre assim. Por mim, o Pingo Doce não necessita de publicidade com música para eu lá ir.
1 comentário:
tienes toda la razón, el fiambre se ha de cortar muy, muy fino. Asi uno puede disfrutar.
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