sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
O paraíso existe. Fica em Estremoz
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Foto & poema
Foi um prazer participar pela segunda vez num desfio feito pelo João no seu Blogue que ninguém lê (pensava ele…). Quando vi as quatro fotografias disponíveis – todas elas lindíssimas! – logo “agarrei” a do baloiço. Foi rápida a ligação que fiz a uma das músicas do último álbum da Mafalda Veiga. “Balançar” é o tema. Com a permissão do João, coloco aqui o resultado da fusão entre a imagem e as palavras.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Andando
Caminhar. Passos. Uma espécie de promessa de liberdade. Liberdade de ir por qualquer trilho, de escolher tal só porque apetece, de demorar perante as pressas ou ter presa numa correnteza lânguida. Os passos também anseiam o retiro das coisas sem destino e sem horários. Rotas desconchavadas e apuradas. Não hão-de os passos inventar desculpas para vaguear! Como se pudessem adiar os retornos que se postergam. Os passos são livres em qualquer mapa feito de pedras, terra e alcatrão. Sob o sol, a chuva ou a noite. Enquanto caminharem estarão bem. As almas e os passos.
domingo, 19 de dezembro de 2010
RTP2
Por vezes quando estou a ver a RTP2 dá-me um arrepio. Um daqueles arrepios que se tem quando estamos a saborear uma coisa tão saborosa que até ficamos com medo que ela acabe, ou que noutro dia já não exista.
Como uma daquelas voluptuosas mousses de chocolate. Como um pôr-do-sol irrepetível visto de esguelha numa viagem de carro. Como uma sesta preguiçosa feita num dia em que o mundo decidiu conspirar contra nós.
Para mim a RTP2 é assim. Com as suas tertúlias pachorrentas sobre temas sociais; com as suas reportagens sobre história, animais ou galáxias distantes; com as suas séries americanas das dez e quarenta e cinco da noite; com os seus filmes oferecidos em sessão dupla.
Dá-me um arrepio de pensar que um dia ligo a televisão e não encontro este canal tão… tão…
sábado, 18 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
O DVD da (minha) semana
Um dos filmes mais intensos que vi. Cada vez que o revejo parece que é a primeira vez. Talvez porque trata de um acontecimento do qual fui testemunha pelas noticias. Talvez porque é (mais) uma prova da estupidez e insensibilidade que marcam alguns capítulos da história da humanidade. Talvez porque prova que no meio da tragédia um simples homem pode fazer a diferença.
domingo, 12 de dezembro de 2010
Sabedoria prática
“Sabedoria prática”, disse Aristóteles, “é a combinação de vontade moral com capacidade moral.” Uma pessoa sábia sabe quando e como abrir uma excepção para cada regra. Uma pessoa sábia sabe quando improvisar. Uma pessoa sábia sabe como usar estas capacidades morais para servir os objectivos certos. Para servir os outros e não para manipular os outros. Uma pessoa torna-se sábia; não nasce sábia. A sabedoria é dependente da experiência, e não de qualquer experiência.
(Excerto de uma palestra proferida por Barry Schwartz e que pode ser escutada na sua inteireza no vídeo abaixo.)
Como comentário pessoal, digo que sempre me fez confusão as pessoas que dão prioridade à letra da lei em detrimento do espírito da lei. Aqueles que se esquecem do porquê de o legislador ter trabalho. Os que se extasiam numa procura meticulosa de vírgulas e pontos finais em prejuízo de princípios.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Trinta e duas panquecas
(Para quem se dê ao trabalho de as contar e só encontre trinta, cabe-me informar que duas desapareceram misteriosamente...)
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Uma questão de gavetas
sábado, 4 de dezembro de 2010
Frio
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
O perigo das pressas
Maximiana
(Personagem criada pelo Herman José. Por estes dias andei pelo Youtube a matar saudades dela.)
terça-feira, 30 de novembro de 2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
sábado, 27 de novembro de 2010
Dia Mundial Sem Compras
"É uma forma de protesto contra o consumismo, que afecta as sociedades contemporâneas. A ideia que surgiu em 1992, pela mão do artista canadiano Ted Dave, é um alerta aos consumidores para os excessos provocados pelo consumo irracional que se traduzem em consequências para as famílias e também para o meio ambiente."
(Noticia escutada na RTP )
Comprar é necessário. Por vezes até é um prazer, confesso. Mas, as deambulações pelos centros comerciais já me enfadam desde algum tempo. Porque esses locais são cópias imperfeitas uns dos outros; porque vejo as pessoas a passearem como se de um espaço cultural se tratasse; porque se impinge o consumismo como uma doença saudável.
Especialmente quando vejo os centros das cidades desolados de gente e movimento tenho um sonho. Sonho com o dia em que os pseudo-imponentes centros comerciais vão estar em silenciosa decadência ao mesmo tempo em que as pessoas vão encher as ruas das cidades ao fim de semana. E os empregados das lojas dos centros comerciais vão passar a trabalhar no comércio tradicional que vai abrir-se impregnado de brio e empenho para essas gentes que descobrem a maravilha que é andar em ruas verdadeiras e não ter um teto por cima, nem música irritante a zunir nos ouvidos. É um sonho que foi inflamado por este dia.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Ela está perto
(O frio que chegou está a anunciá-la. Vou ao meu livrinho de dívidas ver o que lá consta...)
sábado, 20 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
O homem da torre
Fui ao Porto. Mesmo perante a multidão confundida de veículos mantive a determinação de chegar ao centro. Não só porque tinha pouco tempo para o que queria fazer, mas porque sim (pensando bem, era especialmente pelo sim). Perto da Torre dos Clérigos vi que havia um lugar livre. Perfeito!
Reparei também numa pessoa levemente queda e, mais de perto, com uma face onde convivia uma barba alva com uma expressão de quem espera sem realmente esperar. Não reconheci de imediato mas cheguei à conclusão de que era um arrumador. Arrumador! Um eufemismo para rotular alguém que nos sinaliza, com um tempero de súplica, um lugar para o carro e, depois, com uns gestos decididos, orienta a nobre tarefa de encaixar o carro no espaço que tanto necessitamos. Alguém que cumpre esse seu trabalho com mais zelo do que muitos trabalhadores “normais” que encontramos noutros locais. Alguém que tentamos esquecer rapidamente porque está ali a fazer aquilo.
(Mea culpa. Normalmente também sinto-me inexplicavelmente incomodado pela presença dos arrumadores. Não sei porquê mas desta vez isso não aconteceu; paradoxalmente até fiquei com muita vontade de estacionar ali.)
Depois do carro estacionado, não me pediu nada. Nada de olhares suplicantes, nem mãos estendidas. Apenas ficou perto, com um olhar onde residia uma dignidade intocável. Foi a moeda que, recorde eu, dei com mais vontade e com o sentimento de que era insuficiente.
Quando voltei já era noite mas ele lá continuava. Fiel no seu posto, acompanhado pelo saco reciclável do Pingo Doce onde descansava sonolento um chapéu-de-chuva. Antes de ligar o carro para me ir embora, quis ficar a olhar para ele durante uns momentos. Podia perfeitamente ser alguém da minha família. Surgiu-me a vontade de entrevistá-lo para lhe escrever a biografia. Onde nasceu? Que recordação guarda dos seus pais? Que profissão teve? Qual a sua cor favorita? Casou e teve filhos? Qual foi a maior alegria que teve? Quem é o seu melhor amigo? O que pensa da Torre dos Clérigos? Tem alguém à espera em casa?
Não tive mais tempo para mais. As cidades têm destas coisas: Assustam-me mas também me atraem.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Novo estilo
O "apelo" aqui deixado, de que receberia com agrado alguma sugestão, resultou na mudança do visual do título. Tem um ar leve e fresco que liga bem com a brancura do página que vou manter. Obrigado ao Vasco pelo trabalho e generosidade!
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Remodelações
Estou a olhar para isto e apetece-me começar pelo visual. Acho que começar a pintar isto com novas cores será interessante. Dará um certo ar perfumado. Um certo ar de 212 da Carolina Herrera. Se alguém de bom gosto passar por aqui – nem que seja perdido – e queira dar alguma sugestão, diga. Desde que não sugira uma pintura rosa choque, uma fotografia do Tony Carreira ou letras em estilo sânscrito, esteja à vontade.
domingo, 14 de novembro de 2010
terça-feira, 27 de abril de 2010
O DVD da (minha) semana
Este filme passou directamente para DVD. O que foi pena. Para mim, é a mais emotiva história, baseada num caso real, que já vi relacionada com um cão. Relacionada com a lealdade.
(E, agora, além dos pastores alemães, tenho no meu top ten a raça japonesa akita.)
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Bons hábitos alimentares
(Já conhecia este provérbio há muito tempo. Gostei de ver a explicação dada por quem percebe da coisa. Está aqui.)
terça-feira, 30 de março de 2010
É a crise!
Nunca tinha sentido o impacto prático de uma notícia tão rápido. De manhã, nas notícias, era informado que as receitas das multas de transito tinham diminuído em 2009, face ao ano transacto. “Das duas, uma” - pensei eu – “ou os condutores andam a portar-se bem, ou a polícia anda mais boazinha.” Deduzi mais adiante: “Isto vai apertar a caça à multa, porque o dinheiro faz falta...”.
Meia hora depois estou a pagar cem euros de multa! Cinco policias e dois carros “acampados” em frente a uma superfície comercial a tentar descobrir quem não respeita o sinal de STOP. A razão da minha multa e, simultaneamente, de mais outros dois cidadãos, foram dois metros. Todos parámos para ver se podíamos entrar na avenida, mas na leitura do polícia devia ter sido mais adiante, deveria ter sido “exactamente” na linha de intersecção.
Com profissionais tão motivados, decerto que o ano de 2010 vai ser melhor nas receitas obtidas nas multas. Se vão existir menos acidentes de trânsito ou se vão melhorar os hábitos de condução, isso não sei!
sábado, 27 de março de 2010
Hospital Pêro da Covilhã
Recebi uma esta pulseira como prenda do hospital quando ontem tive que me deslocar às urgências. Não costumo ser frequentador regular destes locais. Acho que já fazia uns anos em que não visitava, por razão própria, este tipo de serviço. Aqui na Covilhã, foi a primeira vez.
Foi a primeira vez que me submeti à triagem do protocolo de Manchester. Estava na expectativa sobre que cor me iriam atribuir. Confesso que teria preferido a cor vermelha, quer pela escala de prioridade que representa – menos tempo de espera! – e, porque não dizê-lo pela simpatia desportiva.
Uma boa surpresa foi o pouco tempo de espera. E, se temos sempre tanta vontade de nos queixar quando somos mal atendidos, desta vez não quero deixar de dizer que fiquei surpreendido pela atenção humana dispensada, não só a mim, como a todos os que estavam ao meu redor com as suas maleitas. Simpatia, eficiência e preocupação. Os três exames a que fui submetido foram rápidos e claramente explicados. Parabéns ao pessoal que encara desta maneira o seu serviço! Sem dúvida que este é um caso em que me faz pensar que no interior do país existem locais com muita qualidade de vida.
terça-feira, 23 de março de 2010
segunda-feira, 22 de março de 2010
Funciona mesmo!
(O pior são as pressas...)
sábado, 20 de março de 2010
quinta-feira, 18 de março de 2010
No caminho da escola
Todos os dias eu parava uns instantes ao pé da vedação. Mesmo nos dias em que, atrasado para a escola, vinha a correr desde casa. A curiosidade prevalecia em todas as circunstâncias. Todos os dias, ao vislumbrá-la já de longe, pensava no que tinha de tão especial aquele terreno que ela guardava.
Não percebia porque aquele pedaço de terra não me estava naturalmente acessível. Porque diferia dos restantes. Teria enterrado tesouros escondidos de algum pirata? Existiria no meio daquele afastado conjunto de árvores as ruínas de um palácio de algum rei? Ou encontraria a entrada para um túnel secreto que se dizia existir desde o tempo dos romanos? Ainda convenci duas ou três vezes o Henrique a parar comigo e a dar os seus palpites sobre o mistério, mas o resto dos dias ficava solitário com aqueles minutos.
Os conjuntos de picos que o arame fazia em alguns locais da vedação – arame farpado, ouvi certa vez o meu pai dizer – soavam ameaçadores e pareciam informar-me especificamente que nem pensasse em faltar-lhes ao respeito. Apesar daquela aparência ferrugenta estavam ali para estabelecer um limite às minhas aventuras.
Não aceitei a mensagem. Certa vez olhei para um deles em especial; aquele que parecia mais perfeito. Decidi nomeá-lo como uma espécie de chefe de todos os outros picos. A ideia era que se eu perdesse o medo a ele, poderia finalmente ultrapassar sem receio todo aquele limite. Poderia por fim conhecer todos os mistérios que aquele terreno encerrava. Poderia, como um troféu, ostentar orgulhosamente essa coragem perante os meus amigos.
Por isso chegou o dia. Chegou o dia em que perdi o medo a toda a vedação. Chegou o dia em que entrei no terreno e vi que afinal era igual aos outros, sem tesouros, túneis ou palácios. Chegou o dia em que contei a aventura aos olhos esbugalhados dos amigos do recreio. Chegou o dia em que escondi as feridas na mão e nas pernas causadas pelos picos a quem faltei ao respeito.
Agora, a caminho da escola, já não paro ao pé da vedação. Até finjo que não a vejo. Mas escuto os risos de mofa que os picos de arame me dirigem.
(Esta história foi escrita em resposta a um desafio que foi colocado n'O Blogue que ninguém lê!. O João, que teve a amabilidade de a publicar, teve também a amabilidade de me autorizar a utilização da fotografia inspiradora.)
domingo, 14 de março de 2010
sexta-feira, 12 de março de 2010
segunda-feira, 1 de março de 2010
A idade de ouro - parte 2
Após terminar os quatro anos do então chamado ensino primário, transitei para o ciclo preparatório.
Recordo que na altura foi a maior mudança que sofri na minha vida. Em vez de ir a saltitar alegremente com os miúdos vizinhos para a escola que ficava a uns quarteirões de casa, fui para um local tão, tão remoto que tinha que viajar numa camioneta – outra incrível novidade. E, cúmulo da adrenalina, sozinho, agarrado a um varão metálico rodeado de gente estranha e sonolenta.
Em vez da escola catita e familiar, entrei desconfiado num espaço preenchido por pavilhões pré-fabricados, que em tempos foram verdes, alguns com enormes buracos e vidros rachados. Eram as salas de aulas, umas numeradas outras anónimas. Estavam organizadas de uma tal maneira que só com a ajuda do horário – outra coisa nova! – eu poderia saber a que horas e em que sala tinha que entrar. Em vez da segurança de um único professor, apresentaram-me no prazo de duas semanas, uns sete ou oito. Fora as mudanças que existiam durante o ano.
E os onde estavam os meus habituais amigos? Em vez dos vizinhos, tinha caras novas, muitas caras novas, que me diziam provir de sítios com nomes que não conhecia bem. Com o passar dos minutos ainda descortinei um ou dois conhecidos. Fazíamos então juras de pedir a algum dos professores que nos trocasse de turma a fim de ficarmos juntos. Intenções que evaporaram-se gradualmente perante o alvoroço do novo mundo que surgia.
Associo a esta mudança, alguns outros marcos históricos da minha vida. Primeiro relógio de pulso, ter o Bilhete de Identidade, ter o Passe Social da Rodoviária Nacional e aprender a defender-me porque não podia ir a correr para casa.
O nome oficial da escola era “Escola Preparatória Professor António Pereira Coutinho”. Já não existe. Actualmente o terreno é parte do estacionamento do hipermercado Jumbo/Pão de Açúcar. A actual escola situa-se no Bairro do Rosário. Achei surpreendente que em todos estes anos nunca me questionei sobre quem foi este senhor. Foi necessário estar a fazer este texto para mexer-me nesse sentido. As coisas que deixamos escapar entre os dedos…
No site da escola encontrei esta informação:
"Faleceu, a 13 de Fevereiro de 1964, o Dr. D. António Pereira Coutinho, figura relevante no concelho, onde exerceu com muita dedicação as funções de médico municipal, subdelegado de saúde, clínico do Hospital da Misericórdia, da Associação dos Bombeiros, da Legião Portuguesa, da Casa dos Pobres e da Policlínica de Cascais. Pessoa de fino trato, extremamente modesto, foi amigo dos pobres a cujo serviço se devotou desinteressadamente.
Desde logo, foi ideia dos munícipes, prontamente concretizada pela Câmara, homenagear o Dr. António Pereira Coutinho. Foi dado o seu nome a uma rua da Amoreira e à primeira Escola Preparatória do concelho. Justa homenagem a um grande coração."
(retirado do livro "Cascais Vila da Corte" de José d´Encarnação, p.77)