segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ode ao pêssego



"Na outra margem alguém me espera / com um pêssego e um país."
Mário Benedetti, poeta, escritor e ensaísta uruguaio (1920-2009)

Consolado, como ando, a comer os bons frutos da Cova da Beira, achei que deveria consagrar um pouco de atenção a este fruto maravilhoso, o pêssego. Para mim é o preferido, sem disputa alguma. Considero-o o fruto "dos cinco sentidos".

Visão: a beleza das cores atraentes que oscilam entre o amarelo e o vermelho.
Olfacto: digno de um perfume da Carolina Herrera.
Tacto: a pele, com um veludo sedutor ou uma careca brilante.
Paladar: é preciso explicar? É que não encontrei adjectivos à altura.

Audição? Bem, quando um bom pêssego preenche os quatro sentidos da maneira já referida, então escuto vozes
, que me ordenam comer o fruto com a prioridade máxima.

(Já venho... )



sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A Madeira como inspiração



Hoje dei de caras com um rabisco que fiz há uns bons anos.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Nada de nada (em francês)



Já que andei a brincar, nos posts anteriores, com alguns hábitos franceses, aqui vai uma sentida recordação de uma das melhores músicas francesas. Pelo menos para mim!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

França no seu melhor – parte 2

Baguette. Esta palavra que os franceses atribuem a um pão estreito de consistência branca e estaladiça é, para um cidadão luso que se preze, um motivo de emaranhada reflexão.

Primeiro, as boas conclusões. É um pão positivamente guloso e que se consome divinamente, com ou sem manteiga. Mas atenção, que isso só é possível se o consumirmos dentro de um prazo relativamente curto – penso que duas horas, quarenta e três minutos e uns quatro segundos. Após este tempo ele misteriosamente metamorfoseia-se em algo tão duro que pode perfeitamente servir como macaco para mudar o pneu do carro, alavanca para mover uma rocha ou arma de defesa em caso de ataque de um meliante. Ou, caso este fenómeno não se concretizar, obtemos algo semelhante a uma pastilha elástica de tamanho incomum que nenhuma faca corta.


Agora, os dados mais chocantes. Para alguém habituado a viver num país que tem um museu do pão (em Seia), o pão de Mafra, o pão alentejano, a broa de Avintes, o pão de milho e um sem fim destes produtos em que é imensa a variedade de sabores, formas, texturas e aromas, este reinado absoluto da baguette é sufocante. Sim, porque quando em França vamos a uma loja, a única animação é escolher o tamanho e a largura da menina!

Depois, a questão da higiene. É um espectáculo, digno de assistir de poltrona, ver os franceses a transportar o pãozinho pela rua! Levam a sua baguette debaixo do sovaco, no cestinho da bicicleta, no banco traseiro do carro ou a espreitar do saco das compras. Mas, sem qualquer invólucro que a separe, ou proteja, do mundo exterior. Prontos, estou a ser injusto! A verdade é que por vezes ela vai parcialmente enroladinha num pedaço de papel que não abrange mais de um quarto do seu tamanho. E este papel costuma ser um daqueles prospectos que as lojas têm que, após já não servirem para nada, servem para “garantir a higiene” deste produto alimentar. Tipo folha de lista telefónica para as castanhas assadas.

Termino esta perturbadora análise por descrever a minha ida á loja para comprar o pão, perdão, a baguette. Após percorrer todos os corredores, não encontro a dita cuja. Já sem esperança, fico aliviado quando vejo o cestinho fofinho de palha estrategicamente colocado atrás da caixa de pagamento. Quando chega a minha vez, peço, com o melhor sotaque, a baguette. A senhora, com um sorriso simpático e eficiente, pega no pãozinho, perante a minha surpresa, com as mesmas mãozinhas que estava a usar para a mexer no dinheiro. O acto seguinte foi colocá-lo em cima da superfície onde desfilavam as compras de toda a gente. Assim, sem cerimónias. E anuncia solenemente – em francês, claro! – que são noventa cêntimos. Eu pago, e fico a olhar para ela. Como sequência, ela primeiro olha para a baguette e, seguidamente olha para mim, como que tentando comunicar numa espécie de esperanto visual: pega nisto e despacha-te que tenho gente para atender, ó tuga! Como logo vi que isto não ia com olhares, peço-lhe, com todas as sílabas, algo para levar o pão. Após uns segundos, ela ostenta um ar vitorioso de quem descobriu, finalmente, a ligação entre o que pedi e o que tinha comprado, e dá-me um minúsculo saquinho transparente, que devia ser daqueles para levar azeitonas. Melhor que nada, penso eu. E vou orgulhosamente andando na rua, como um francês com a sua baguette. Prontos, como um francês, francês, não totalmente. É que não que não tive coragem de enfiar o pão no sovaco, levei-o na mão.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

França no seu melhor

Existem alguns mistérios seculares em França. Para mim um dos mais intrigantes, e desconcertantes, é o facto de numa habitação, a habitual casa de banho ser mutilada em duas.

Digo mutilada porque o recheio essencial com que normalmente funciona uma casa da banho normal, a saber, sanita, lavatório e banheira é misteriosamente separado, sem apelo nem agravo.

Neste assunto, muitos já conhecem a mentalidade gaulesa: sanita plantada num cubículo pequeno e o resto das coisas noutra divisão que por vezes está no outro pólo da casa. Não é o caso de duplicar as instalações sanitárias, por acrescentar uma pequena casa de banho à casa. É o facto surrealista de colocar a sanita absolutamente isolada.

Não é preciso fazer muitas divagações para sentir o ridículo da situação. Imaginamos que após usar a sanita, abrimos a porta, atravessamos a casa e, se ninguém estiver a usar a outra toillet, então é que lavamos as mãos. Maravilhoso!
Claro que podemos também colocar a hipótese de estarmos prestes a tomar banho, e dar-nos uma dor de barriga. Toca a vestir – porque não estamos na nossa casa -, e atravessamos a habitação e, novamente, se não estiver ocupada, usa o pequeno espaço sanitário. Claro que ao voltarmos ao nosso banhinho podemos ter a surpresa de já termos a dita secção da banheira/lavatório ocupada. Nesse caso enquanto esperamos, façam o favor de não cumprimentar ninguém, ou lavem as mãos na pia da cozinha.

Desculpem-me pelas divagações pouco convencionais, mas a verdade é que em certas coisas estes “gauleses são loucos”. Ou então a explicação para esta filosofia “higiénica” ultrapassa a minha compreensão.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Espanhol, outra vez...

"Éramos pocos y parió la abuela."

(Uma espécie de lei de Murphy...)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Covão da Ponte

"O Covão da Ponte é um lugar do concelho de Manteigas, situado a 960m de altitude por onde corre o Rio Mondego na fase inicial do seu percurso. Ao aproveitar as características naturais do local e ao renovar os edifícios ali existentes, gentilmente cedidos pelos Serviços Florestais, o Parque Natural transformou este local num pequeno núcleo de recreio, com infraestruturas de campismo e um casa abrigo com as condições mínimas, para apoiar todos aqueles que gostam de praticar actividades de ar livre."

(www.covaodaponte.com)




Continuo a exploração das terras altas da Beira Interior . Desta vez foi o chamado “Covão da Ponte”. Mas, o espectáculo começa muito antes. Primeiro, há que encontrar a vila de Manteigas. Seja qual o caminho que se escolha, é um privilégio visual viajar pelo alcatrão serepenteante até a vila fazer a sua aparição no meio do imponente verde que sobe pelas alturas. Depois de passar pela localidade, começa a subida na estrada EN 232, em direcção a Gouveia, que não é amiga da pressa. Até seria pecado, não fosse apenas perigoso. Sentimos a paisagem a engrandecer e a fazer-nos respirar devagar.




Saímos da estrada nacional e trilha-se um caminho mais estreito que nos surpreende com campos lavrados e cultivados. Sempre a subir. Por fim, chega o local, qual oásis encravado num oásis maior ainda.




É mesmo o Mondego. É um bébé, mas já cativa!



Caminhar neste local faz tão bem!



Não há ponte para a outra margem. Nem faz falta!





A paisagem é linda, mas nem falo do petisco que compôs o dia. Como podia, apenas com palavras, fazer justiça aos pastelinhos de bacalhau com arroz malandro ou da entremeada assada na altura, feita com brasas da lenha que se apanha no local?


(Cidades? Quem precisa de cidades?)

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Cúmplices



Já era tempo de dar espaço à Mafalda no meu blogue. Para mim, as suas músicas são muito especiais!