terça-feira, 30 de março de 2010

É a crise!

Nunca tinha sentido o impacto prático de uma notícia tão rápido. De manhã, nas notícias, era informado que as receitas das multas de transito tinham diminuído em 2009, face ao ano transacto. “Das duas, uma” - pensei eu – “ou os condutores andam a portar-se bem, ou a polícia anda mais boazinha.” Deduzi mais adiante: “Isto vai apertar a caça à multa, porque o dinheiro faz falta...”.

Meia hora depois estou a pagar cem euros de multa! Cinco policias e dois carros “acampados” em frente a uma superfície comercial a tentar descobrir quem não respeita o sinal de STOP. A razão da minha multa e, simultaneamente, de mais outros dois cidadãos, foram dois metros. Todos parámos para ver se podíamos entrar na avenida, mas na leitura do polícia devia ter sido mais adiante, deveria ter sido “exactamente” na linha de intersecção.

Com profissionais tão motivados, decerto que o ano de 2010 vai ser melhor nas receitas obtidas nas multas. Se vão existir menos acidentes de trânsito ou se vão melhorar os hábitos de condução, isso não sei!

sábado, 27 de março de 2010

Hospital Pêro da Covilhã


Recebi uma esta pulseira como prenda do hospital quando ontem tive que me deslocar às urgências. Não costumo ser frequentador regular destes locais. Acho que já fazia uns anos em que não visitava, por razão própria, este tipo de serviço. Aqui na Covilhã, foi a primeira vez.


Foi a primeira vez que me submeti à triagem do protocolo de Manchester. Estava na expectativa sobre que cor me iriam atribuir. Confesso que teria preferido a cor vermelha, quer pela escala de prioridade que representa – menos tempo de espera! – e, porque não dizê-lo pela simpatia desportiva.

Uma boa surpresa foi o pouco tempo de espera. E, se temos sempre tanta vontade de nos queixar quando somos mal atendidos, desta vez não quero deixar de dizer que fiquei surpreendido pela atenção humana dispensada, não só a mim, como a todos os que estavam ao meu redor com as suas maleitas. Simpatia, eficiência e preocupação. Os três exames a que fui submetido foram rápidos e claramente explicados. Parabéns ao pessoal que encara desta maneira o seu serviço! Sem dúvida que este é um caso em que me faz pensar que no interior do país existem locais com muita qualidade de vida.

terça-feira, 23 de março de 2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

Funciona mesmo!

"Desde que se inventou o soprar só queima a língua quem quer."

(O pior são as pressas...)

sábado, 20 de março de 2010

Informação completa



Rua de Olivença, Covilhã.


quinta-feira, 18 de março de 2010

No caminho da escola




Todos os dias eu parava uns instantes ao pé da vedação. Mesmo nos dias em que, atrasado para a escola, vinha a correr desde casa. A curiosidade prevalecia em todas as circunstâncias. Todos os dias, ao vislumbrá-la já de longe, pensava no que tinha de tão especial aquele terreno que ela guardava.

Não percebia porque aquele pedaço de terra não me estava naturalmente acessível. Porque diferia dos restantes. Teria enterrado tesouros escondidos de algum pirata? Existiria no meio daquele afastado conjunto de árvores as ruínas de um palácio de algum rei? Ou encontraria a entrada para um túnel secreto que se dizia existir desde o tempo dos romanos? Ainda convenci duas ou três vezes o Henrique a parar comigo e a dar os seus palpites sobre o mistério, mas o resto dos dias ficava solitário com aqueles minutos.

Os conjuntos de picos que o arame fazia em alguns locais da vedação – arame farpado, ouvi certa vez o meu pai dizer – soavam ameaçadores e pareciam informar-me especificamente que nem pensasse em faltar-lhes ao respeito. Apesar daquela aparência ferrugenta estavam ali para estabelecer um limite às minhas aventuras.

Não aceitei a mensagem. Certa vez olhei para um deles em especial; aquele que parecia mais perfeito. Decidi nomeá-lo como uma espécie de chefe de todos os outros picos. A ideia era que se eu perdesse o medo a ele, poderia finalmente ultrapassar sem receio todo aquele limite. Poderia por fim conhecer todos os mistérios que aquele terreno encerrava. Poderia, como um troféu, ostentar orgulhosamente essa coragem perante os meus amigos.

Por isso chegou o dia. Chegou o dia em que perdi o medo a toda a vedação. Chegou o dia em que entrei no terreno e vi que afinal era igual aos outros, sem tesouros, túneis ou palácios. Chegou o dia em que contei a aventura aos olhos esbugalhados dos amigos do recreio. Chegou o dia em que escondi as feridas na mão e nas pernas causadas pelos picos a quem faltei ao respeito.

Agora, a caminho da escola, já não paro ao pé da vedação. Até finjo que não a vejo. Mas escuto os risos de mofa que os picos de arame me dirigem.


(Esta história foi escrita em resposta a um desafio que foi colocado n'O Blogue que ninguém lê!. O João, que teve a amabilidade de a publicar, teve também a amabilidade de me autorizar a utilização da fotografia inspiradora.)

domingo, 14 de março de 2010

Oportuno nos trabalhos de uma mudança de casa

"Deixa que comer, não deixes que fazer."

sexta-feira, 12 de março de 2010

Ó Badajoz, Ó Badajoz, Elvas à vista



Na estrada que liga Badajoz a Campo Maior, esta vista motivou-me a brincar com o refrão da popular canção do Paco Bandeira. (Aquela avezinha teimou em ficar também na foto. Vaidosa!)

segunda-feira, 1 de março de 2010

A idade de ouro - parte 2

Após terminar os quatro anos do então chamado ensino primário, transitei para o ciclo preparatório.

Recordo que na altura foi a maior mudança que sofri na minha vida. Em vez de ir a saltitar alegremente com os miúdos vizinhos para a escola que ficava a uns quarteirões de casa, fui para um local tão, tão remoto que tinha que viajar numa camioneta – outra incrível novidade. E, cúmulo da adrenalina, sozinho, agarrado a um varão metálico rodeado de gente estranha e sonolenta.

Em vez da escola catita e familiar, entrei desconfiado num espaço preenchido por pavilhões pré-fabricados, que em tempos foram verdes, alguns com enormes buracos e vidros rachados. Eram as salas de aulas, umas numeradas outras anónimas. Estavam organizadas de uma tal maneira que só com a ajuda do horário – outra coisa nova! – eu poderia saber a que horas e em que sala tinha que entrar. Em vez da segurança de um único professor, apresentaram-me no prazo de duas semanas, uns sete ou oito. Fora as mudanças que existiam durante o ano.

E os onde estavam os meus habituais amigos? Em vez dos vizinhos, tinha caras novas, muitas caras novas, que me diziam provir de sítios com nomes que não conhecia bem. Com o passar dos minutos ainda descortinei um ou dois conhecidos. Fazíamos então juras de pedir a algum dos professores que nos trocasse de turma a fim de ficarmos juntos. Intenções que evaporaram-se gradualmente perante o alvoroço do novo mundo que surgia.

Associo a esta mudança, alguns outros marcos históricos da minha vida. Primeiro relógio de pulso, ter o Bilhete de Identidade, ter o Passe Social da Rodoviária Nacional e aprender a defender-me porque não podia ir a correr para casa.


O nome oficial da escola era “Escola Preparatória Professor António Pereira Coutinho”. Já não existe. Actualmente o terreno é parte do estacionamento do hipermercado Jumbo/Pão de Açúcar. A actual escola situa-se no Bairro do Rosário. Achei surpreendente que em todos estes anos nunca me questionei sobre quem foi este senhor. Foi necessário estar a fazer este texto para mexer-me nesse sentido. As coisas que deixamos escapar entre os dedos…

No site da escola encontrei esta informação:

"Faleceu, a 13 de Fevereiro de 1964, o Dr. D. António Pereira Coutinho, figura relevante no concelho, onde exerceu com muita dedicação as funções de médico municipal, subdelegado de saúde, clínico do Hospital da Misericórdia, da Associação dos Bombeiros, da Legião Portuguesa, da Casa dos Pobres e da Policlínica de Cascais. Pessoa de fino trato, extremamente modesto, foi amigo dos pobres a cujo serviço se devotou desinteressadamente.

Desde logo, foi ideia dos munícipes, prontamente concretizada pela Câmara, homenagear o Dr. António Pereira Coutinho. Foi dado o seu nome a uma rua da Amoreira e à primeira Escola Preparatória do concelho. Justa homenagem a um grande coração."

(retirado do livro "Cascais Vila da Corte" de José d´Encarnação, p.77)