sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sopa de peixe

De volta à minha velha sebenta encontrei a receita de uma sopa de peixe cuja fragrância, após uns instantes de procura, consegui encontrar em alguma parte no sótão da memória. Era daquelas sopas que, com receio que se acabe, repete-se com uma venerada ânsia. Isto acontecia quando a sopa era feita por outro. Lembro-me de ter conseguido a receita ao cozinheiro. Agora chegou a vez de saber se conseguia, por minhas mãos, alcançar igual feito. Meti as mãos à obra com duas cabeças de peixe fresco e o resto dos ingredientes. Depois de tudo terminado descobri, pelo aroma e pelo paladar, que fui bem sucedido. E carimbei o sucesso com os coentros dos meus vasinhos.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Cebolinho


Converti-me às deliciosas vantagens de ter uma espécie de horta de ervas aromáticas dentro de casa. Estes são os meus primeiros “meninos”: os cebolinhos. Estou expectante por ver quem nasce a seguir: a salva ou o manjericão?



sábado, 2 de abril de 2011

Montras

Olhava-as como quem destroça sonhos sentado num sofá. Nada vivia lá. Apenas cenários feitos de papel e que, como suprema cortesia, eram merecedores de serem rasgados em pedaços. Apenas luzes que se vangloriavam de sua escuridão. Apenas cores inúteis. Tautologia pura. Como um sonho que se destroça quando estamos acordados, assim também só depois de nos arrancarmos à sua anestesiante envolvência é que vê a dimensão por detrás da superfície. Uma teia pegajosa que nos imobiliza enquanto faz soar sardonicamente a mais inocente das melodias. Um cosmos que sonha ter as competência de um buraco negro. Um ferrugento sorriso de palhaço. Braços frígidos que nos querem abraçar. Podia continuar este discurso deprimente se desse atenção aos corredores, aos tectos, a todo aquele panorama gerado a esquadro e régua que pretendia ser alguma coisa genuína. Mas era cansativo. Ficava apenas pelas montras.