segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Barcelona (més d'una ciutat)

Num passado não tão passado, um português para conhecer o mundo tinha a primeira etapa frequentemente em Espanha. Sem viagens de avião baratas e com as fronteiras a serem mesmo fronteiras - fechadas a cadeado e onde se passava a conta gotas após muita espera e burocracia – eu escutava curioso as epopeias de quem visitava Badajoz e trazia, qual troféu, caramelos, uma boneca para colocar em cima da cama ou alguma garrafinha. Essas pessoas tinham lugares de honra nos jantares e as suas histórias eram repetidas nos locais de trabalho. Por isso, cresci a ansiar o dia em que, qual ritual de iniciação na vida adulta, pisaria o solo espanhol nessa cidade para onde Elvas olhava.

Quis o destino baralhar-me os planos. A cidade espanhola onde descobri o mundo que existia para além das fronteiras foi Barcelona. Não foi por snobismo. Simplesmente calhou, como afinal nos calham tantas coisas na vida, sem que tenhamos opinião na coisa.

Barcelona foi, na primeira vez, um simples local de transbordo onde deambulei umas horitas, comi umas sandochas e deslumbrei-me com a estação de Sants (“Como é que conseguiram colocar os comboios na cave?”) Passados uns dois ou três anos voltei. Agora como destino. Corria o ano de 1991. A cidade estava efervescente com a preparação das olimpíadas.

Visitei o Estádio Olímpico de Montjuic.


Também o Palau San Jordi.


Além de comprar merchandising com o Cobi, a mascote dos jogos.



Foi a primeira vez que tive a consciência de estar num local famoso; num espaço que brevemente iria ser o centro do mundo. Foi uma espécie de sindroma de Jerusalém. Julguei ser tocado por alguma graça divina e quando voltei a Portugal, durante as transmissões televisivas dos jogos olímpicos, repetia ad nauseum a frase “Eu estive ali!”, esperando que isso me conferisse alguma aura.

Desde então tenho ido várias vezes à Cidade Condal. Não tantas como gostaria, mas as suficientes para dizer que a conheço relativamente bem. As suficientes para dizer que a cidade tem sido generosa comigo.

Com o esboço das suas ruas ofereceu-me uma visão cosmopolita que alargou os meus horizontes. Ofereceu-me a prova de que os sonhos por vezes se transformam em pedra, com obra de Gaudi. Nos seus cafés ofereceu-me a voluptuosidade de um chocolate quente a envolver-se com um churro. No parque de diversões de Tibidabu ofereceu-me o mais genuíno momento de adrenalina passado numa casa de terror.

Ensinou-me que a amizade não tem distância nem tempo. Edifica-se através das palavras e dos silêncios, através das presenças e das ausências, através de hoje e do ontem, através das alegrias e das inquietudes.


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Familiaridade estranha


(A fonte foi um Diário de Notícias dos anos 80. É que tenho a mania de guardar coisas...)


domingo, 13 de fevereiro de 2011

Macarrão à Catalã

Agarrei na minha sebenta de anotações culinárias e pus-me a desfolhá-la sem pressa, como faço de vez em quando. Reparei nas receitas que ao longo dos anos fui acumulando em gatafunhos como uma espécie de retratos escritos de sabores e cheiros. Gatafunhos que compartilham o espaço com recortes de jornais e revistas sobre o mesmo tema. Confesso que nem todas as receitas foram experimentadas; ficaram numa espécie de limbo do paladar. Reparei numa delas. Decerto uma das mais antigas; terá cerca de vinte anos de existência no meu caderno. Ao olhar para ela recordo a primeira visita a sério que fiz a Barcelona e um almoço domingueiro elaborado pela mãe de um grande amigo. Deixei a página aberta e meti mãos à obra.

A receita é muito simples. Comecei por fritar numa frigideira a carne picada em bom azeite (escolhi carne de porco). Temperei-a com sal e pimenta moída na altura. Reservei. Seguidamente, numa panela de tamanho arejado, preparei um refogado. Azeite, alhos e cebola picada, tomate em cubos. Após o refogado estar pronto juntei a carne. Com a colher de pau dei-lhe umas valentes reviravoltas. Juntei a este preparado macarrão previamente cozido com folhas de louro. Coloquei tudo numa travessa e adicionei molho bechamel e polvilhei abundantemente com queijo. O destino foi o forno.

Na hora de comer senti que, após tanto tempo, fiz justiça à pobre da receita. O cheiro e o paladar fizeram-me voltar em pensamento a Barcelona. Só depois de comer é que me lembrei que podia ter tirado uma fotografia para colocar aqui. Fica para a próxima…


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Momentos Nicola II

Um dia vou apanhar frio na cabeça até os pensamentos congelarem. Não é um dia. Já ando nisto faz quatro...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Momentos Nicola

Um dia corto o cabelo à máquina zero. Hoje foi o dia.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011